Num encontro que reuniu diversas organizações da sociedade civil, como a ASMOG, UAPDSH, AWAMA, ACRESI, SUHURA HELP, AMEC RURAL, entre outras, as questões ambientais e a gestão de recursos naturais em Pemba, no norte de Moçambique, foram debatidas com ênfase na necessidade de acções mais eficazes para a preservação do meio ambiente e a promoção de uma cidade mais limpa.
A problemática do lixo, especialmente nas praias da cidade, foi identificada por estas organizações como um dos maiores desafios. A falta de consciência e o descarte incorreto contribuem para que resíduos como plásticos, garrafas PET e outros detritos se acumulem, prejudicando o ecossistema local e afectando directamente a saúde pública. O bairro de Paquitiquete, mencionado como cartão-de-visita de Pemba, enfrenta dificuldades semelhantes, com muitos moradores a descartarem o lixo de forma inadequada, prejudicando as áreas mais próximas às praias.
A capacitação, realizada para fortalecer a colaboração entre as organizações, o Conselho Municipal de Pemba e organizações do sector privado, abordou a importância da sensibilização e educação ambiental nas comunidades.
A capacitação em gestão de resíduos, como as acções organizadas pela ASMOG para a separação de resíduos orgânicos e inorgânicos, foi uma das soluções propostas, mas com a ressalva de que as condições estruturais da cidade, como a falta de contentores adequados e a ausência de coordenação com o município, dificultam a implementação de práticas sustentáveis.
De acordo com Cangelo Henris, representante da UAPDSH, “o município deveria sancionar quem deita lixo no chão”, uma vez que as acções das organizações não estão a ser correspondidas pela população. Além disso, há uma clara falta de infraestrutura de recolha e separação de resíduos, o que agrava ainda mais o cenário. A colaboração entre o município e as organizações é vista como essencial para que a gestão dos resíduos se torne mais eficiente.
A reunião também sublinhou o envolvimento das comunidades locais, com maior foco na juventude e nas mulheres, para que a sensibilização ambiental se propague e se transforme em acções concretas. Para Amina, da ASMOG, o trabalho de sensibilização precisa ser reforçado e, principalmente, a criação de uma rede de apoio para a separação de resíduos em bairros com condições precárias de recolha é crucial.
Outro ponto de destaque foi a necessidade de envolver o sector privado na solução do problema. A presença de empresas locais poderia ser um apoio importante para o desenvolvimento de soluções inovadoras, como a reciclagem e o gerenciamento mais eficiente do lixo, especialmente o plástico, cujos impactos são mais visíveis nas praias, como na praia do Wimbe.
O encontro, que começou às 10h30 e terminou às 11h30, contou com a presença de 16 representantes de associações locais, incluindo a AMOR, e concluiu com o compromisso das organizações em continuar as acções de capacitação, promovidas pela Associação Moçambicana de Reciclagem (AMOR), em parceria com Horizont3000, Linsi Foundation e Sei So Frei, e com financiamento da União Europeia.
Para Sérgio Canote e Dália Langa, facilitadores do evento, a capacitação desta segunda-feira marca mais um passo na construção de uma Pemba mais verde e responsável, onde cada cidadão desempenha um papel essencial na preservação ambiental. Por isso, para que isso seja possível, para transformar Pemba numa cidade mais sustentável e próspera, é essencial implementar uma gestão eficaz dos resíduos, promover a educação ambiental, melhorar a infraestrutura urbana e apoiar o desenvolvimento económico local, sempre com foco na colaboração entre as comunidades, o governo e o sector privado.