Dia Mundial da Reciclagem: 3,734 toneladas de resíduos recolhidos na Praia do Veleiro

Na comemoração do Dia Mundial da Reciclagem, no dia 17 de Maio, com sacos nas mãos e propósito no coração, catadores, membros da comunidade e diversos parceiros uniram-se na Praia do Veleiro, na cidade da Beira, na província de Sofala, para fazer a diferença: recolher resíduos espalhados pela costa. O esforço conjunto resultou na recolha de 3,734 toneladas de resíduos sólidos, potenciando o impacto de “Moedas Azuis”, que assegura a remuneração justa dos catadores e promove a gestão sustentável dos resíduos. A acção foi coordenada pela Associação Moçambicana de Reciclagem (AMOR), com o apoio de diversas entidades públicas, privadas e organizações da sociedade civil.

O evento teve início às 07h30 e contou com a participação de 101 pessoas, entre representantes institucionais, voluntários e catadores. A programação incluiu atividades de educação ambiental, exposição de resíduos recicláveis, pesagem e compra de resíduos sólidos, bem como momentos interativos de apresentação institucional e dinâmicas com os parceiros envolvidos.

Eloge Mugenzi, técnico digital e representante da AMOR, conduziu uma sessão de capacitação sobre gestão de resíduos sólidos, destacando a importância da separação correcta e dos princípios dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Durante o evento, foi realizada a apresentação formal das instituições participantes, promovendo o reconhecimento e o fortalecimento das parcerias. Eloge Mugenzi explicou o funcionamento do projecto “Moedas Azuis”, que transforma resíduos recolhidos em créditos ambientais, permitindo a remuneração dos catadores e promovendo a gestão sustentável de resíduos sólidos. O modelo incentiva a inclusão produtiva, o compromisso comunitário e o envolvimento do sector privado, que contribui financeiramente através da compra das moedas, as quais representam o valor dos materiais recolhidos e reciclados.

Dos resíduos recolhidos, 3,079 toneladas foram recolhidas por catadores e 148 kg pelos demais participantes. Os materiais foram classificados da seguinte forma:
Voluntários:
Misto: 16 kg

Vidro: 53 kg

PET: 79 kg
Total: 148 kg

Catadores:
Misto: 7 kg

Vidro: 2,632 toneladas

PET: 440 kg
Total: 3,079 toneladas

O volume expressivo de resíduos recolhidos evidencia o impacto directo da acção na limpeza da praia e na promoção de uma maior consciencialização ecológica.

Para o senhor Filipe André, representante da Universidade Católica de Moçambique (UCM – IED), é fundamental alertar a sociedade para os danos causados pelo lixo no meio ambiente: “É urgente sensibilizar a sociedade para o impacto negativo do lixo no meio ambiente. Através de acções como esta, conseguimos transformar resíduos em recursos valiosos,” afirmou Filipe, representante da Universidade Católica de Moçambique (UCM – IED).

Stander Nascimento, representante da Beira Verde e colaborador da Cornelder, reiterou o apoio contínuo ao projecto e apelou ao envolvimento do sector empresarial: “Acreditamos firmemente nesta causa e fazemos um apelo para que mais instituições se juntem a nós, contribuindo para um futuro mais sustentável”.

Durante o evento, os catadores levantaram uma preocupação relativamente aos valores pagos pela reciclagem dos resíduos. Pediram uma revisão dos preços, sugerindo um aumento para 5 meticais por quilo de PET e 3 meticais por quilo de vidro. Destacaram a importância dessa remuneração, essencial para o sustento das suas famílias, garantindo recursos para alimentação, água e educação para os filhos.

Lusineide, da Modéstia, chamou a atenção para a grande quantidade de roupas recolhidas na praia, muitas das quais compostas por plásticos. Ela lembrou que esses materiais podem demorar até 400 anos a decompor: “Estes materiais não se degradam facilmente, por isso estamos a recolher roupas feitas de plástico para as transformar em produtos reutilizáveis,” explicou Lusineide, sublinhando a importância de dar um novo uso a itens que, de outra forma, seriam descartados.

Na segunda edição da Roda Verde, realizada após a recolha dos resíduos, diversas iniciativas sustentáveis foram apresentadas. A Modéstia, representada por Lusineide Cândido, expôs peças criadas a partir de tecidos reutilizados, demonstrando práticas inovadoras de reciclagem.

O FabLab, representado por Edmilson Sunza, exibiu produtos reciclados desenvolvidos com o auxílio de impressoras 3D, utilizando plástico reutilizado como material base.

A actividade contou ainda com a participação da Associação Esperança Moçambicana, que conduziu uma dinâmica de sensibilização sobre os 3Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) e incentivou os participantes a comprometerem-se com a preservação ambiental.
Ao encerrar o evento, a o representante da AMOR reafirmou o seu compromisso com a promoção da reciclagem e com o fortalecimento da economia circular: “O lixo que descartamos hoje pode prejudicar o meio ambiente durante séculos. Reciclar é garantir a preservação da vida. Continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros e comunidades para um futuro mais limpo e sustentável,” afirmou Eloge, destacando a importância da acção colectiva.

A iniciativa contou com a participação activa de várias instituições, às quais a AMOR expressa o seu caloroso agradecimento, incluindo: o Ministério da Terra e Ambiente, o Conselho Municipal da Beira – CMB, os Serviços Urbanos, a Universidade Católica de Moçambique (UCM – IED e FEG), a Associação Tagumanicanave (ACTAG), Associação Esperança Moçambicana, Associação Mãos Esperançosas – AME, ASADEC, a Associação Anandjira, AVA, Beira Verde, Comusonas, Cornelder de Moçambique, DPDTA, a Escola Nossa Senhora da Paz, Espuma de Moçambique, FabLab, Modéstia, OLAM AGRI (Empresa de produção de óleo alimentar e sabão), Associação FACE de Água e Saneamento, Recycle Paper, TMCEL, entre outras.